Déficit habitacional se mantém apesar da queda do número de moradias inadequadas

O déficit habitacional brasileiro, número de habitações necessárias para que cada família do país tenha uma habitação digna, totalizou 5.808.547 unidades em 2009. O levantamento foi feito pelo SindusCon-SP e pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV, com base nos dados do IBGE.

Este número é apenas 0,15% maior que o déficit de 5.799.859 moradias registrado em 2008, o que mostra que ele se manteve praticamente inalterado. A boa notícia é que o déficit habitacional por inadequação, representado pelas moradias improvisadas, rústicas, as localizadas em favelas e os cortiços, caiu de 3.780.113 habitações em 2008 para 3.521.089 em 2009 (queda de 6,8%).

Já o déficit habitacional por coabitação, representado pelo número de famílias que convivem com outras na mesma moradia e expressaram o desejo de se mudar, subiu de 2.019.746 em 2008 para 2.277.458 em 2009 (acréscimo de 12,7%).

O déficit brasileiro absoluto é a soma dos déficits por inadequação e por coabitação. Já o déficit relativo, que é o percentual das famílias que estão nesse déficit em relação ao total de famílias do país foi de 9,3% em 2009. Isso mostrou ligeira queda, uma vez que o déficit habitacional relativo em 2008 foi de 9,5%.

Política perene - Na análise do presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, "os números continuam expressivos e reforçam a necessidade de uma política habitacional perene, que efetivamente erradique o déficit habitacional nos próximos anos. O programa habitacional Minha Casa, Minha Vida foi positivo por ter entregue a execução das moradias para a baixa renda à iniciativa privada, mas ele depende da renovação de recursos para sua continuidade".

Para o presidente do SindusCon-SP, "ainda não se pode atribuir a diminuição do déficit por inadequação ao Minha Casa, Minha Vida, porque ele foi lançado em 2009, e somente a partir de 2010 seus resultados se farão sentir".

Segundo o diretor de Economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, a queda no número de moradias inadequadas "se explica pela melhoria de renda e pelo aumento de acesso ao crédito imobiliário". De outro lado, "o fato de mais famílias manifestarem o desejo de deixarem de conviver sob o mesmo teto demonstra que um segmento da população começou a vislumbrar a possibilidade da aquisição da casa própria, antes inacessível".

Inadequação – O levantamento mostra que o déficit por inadequação ainda corresponde a 61% do déficit habitacional brasileiro. Cerca de 77% das moradias inadequadas são habitadas por famílias que ganham até 3 salários mínimos por mês. Quase um terço desses domicílios são habitados por famílias que recebem entre 1 e 2 salários mínimos de renda mensal. Já na coabitação, 62% das famílias que manifestaram o desejo de se mudar têm renda mensal de até 3 salários mínimos.

Nos Estados – O maior déficit estadual absoluto em 2009 foi o de São Paulo, com 1,127 milhão de moradias, seguido pelo Rio de Janeiro (537 mil), pelo Pará (509 mil), por Minas Gerais (444 mil) e pelo Maranhão (429 mil).

Os maiores déficits relativos foram os dos Estados do Amazonas (25,4%), Pará (23,1%) e Maranhão (22,7%).

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